Por Andre Wormsbecker / Quantum Dox
A vitamina B17, ou amygdalina, é uma substância natural encontrada principalmente nas sementes de frutas da família das rosáceas, como damascos, maçãs, pêssegos e ameixas. Seu nome químico é um glicosídeo cianogênico, que ao ser metabolizado pelo organismo pode liberar cianeto, uma substância sabidamente tóxica. No entanto, nas últimas décadas, a amygdalina foi promovida em alguns círculos científicos alternativos como um potencial agente terapêutico, especialmente no tratamento do câncer. Essa promoção, no entanto, está envolta em muita polêmica, tanto por parte da medicina tradicional quanto da indústria farmacêutica e das agências reguladoras de saúde.
Diversos estudos in vitro (em laboratório, fora do corpo humano) indicaram que a amygdalina tem capacidade de induzir apoptose (a chamada “morte celular programada”) em diferentes tipos de células tumorais. Uma publicação na revista Anticancer Agents in Medicinal Chemistry relatou que a substância pode ativar vias mitocondriais que levam à destruição de células cancerígenas. Os mecanismos moleculares envolvidos sugerem uma interferência direta no ciclo celular, bem como a modulação da expressão gênica relacionada à sobrevivência tumoral, como a diminuição de genes antiapoptóticos como Survivina e XIAP.
Além disso, outras investigações revelaram que a amygdalina interfere nos processos de adesão, migração e invasão celular, o que é crucial para impedir a metástase – a propagação do câncer para outras partes do corpo. Em modelos de carcinoma renal, por exemplo, observou-se que a amygdalina reduziu a capacidade das células cancerosas de se fixarem e invadirem tecidos saudáveis, modulando a expressão de integrinas, proteínas fundamentais na comunicação entre células tumorais e o ambiente ao redor.
Outra linha de pesquisa promissora está na relação entre a amygdalina e o sistema imunológico. Estudos em hepatocarcinomas (tumores no fígado) associados ao vírus da hepatite B demonstraram que a substância pode ativar células T e modular a via de sinalização JAK2/STAT3, que está envolvida em processos inflamatórios e na sobrevivência celular. Esses resultados abrem caminhos para investigações mais amplas, que poderiam unir os efeitos imunológicos da amygdalina com estratégias de imunoterapia já conhecidas e aplicadas na oncologia moderna.
Apesar dos indícios laboratoriais, o uso clínico da amygdalina ainda é extremamente controverso. Isso se deve ao fato de que, quando ingerida, especialmente por via oral, a substância pode ser metabolizada pelas enzimas intestinais em cianeto – um veneno potente que pode causar efeitos colaterais graves, incluindo náusea, vômito, dor de cabeça, dificuldade respiratória e até mesmo morte. Há registros documentados de envenenamento por cianeto em pacientes que consumiram altas doses de amygdalina como terapia alternativa.
Por esse motivo, tanto a Food and Drug Administration (FDA) dos Estados Unidos quanto outras agências reguladoras internacionais proibiram o uso clínico da amygdalina em tratamentos de câncer, classificando-a como ineficaz e perigosa. Isso, entretanto, não impediu que grupos alternativos e comunidades científicas independentes continuassem a estudar e promover o seu uso, muitas vezes associando a rejeição institucional da substância ao interesse econômico da indústria farmacêutica – um argumento comum em correntes críticas da medicina convencional.
Do ponto de vista histórico, é relevante citar que o uso da amygdalina como “vitamina B17” foi popularizado nos anos 1950 e 60, especialmente por médicos e bioquímicos como Ernst T. Krebs Jr., que defendia que o câncer era uma “doença de deficiência vitamínica” e que o consumo de amygdalina poderia prevenir ou tratar tumores. Embora essa hipótese não tenha sido corroborada por estudos clínicos controlados, ela se tornou um marco na medicina alternativa, sendo ainda hoje motivo de debate e pesquisa.
Assim, a vitamina B17 representa um campo de investigação complexo, polarizado e ainda inconclusivo. Por um lado, há evidências laboratoriais que apontam para um potencial efeito antitumoral real. Por outro, há riscos de toxicidade significativos que ainda não foram adequadamente mitigados, além da ausência de estudos clínicos robustos que comprovem sua eficácia em seres humanos. A busca por tratamentos naturais e complementares é legítima, mas deve ser acompanhada de rigor científico, transparência metodológica e, sobretudo, responsabilidade com a vida humana.
Caso você queira explorar os estudos disponíveis, um bom ponto de partida é a base de dados do PubMed, onde estão publicados artigos recentes revisados por pares sobre os efeitos da amygdalina em modelos celulares, animais e suas possíveis aplicações clínicas.
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