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As Bruxas da Noite
Um esquadrão feminino que assustou os nazistas
Por Andre Wormsbecker / Quantum Dox
As Bruxas da Noite: As Aviadoras Soviéticas da Segunda Guerra Mundial
Durante a Segunda Guerra Mundial, um grupo extraordinário de mulheres soviéticas ganhou um apelido que entraria para a história: "Nachthexen" (Bruxas da Noite), dado pelos soldados alemães. Estas eram as pilotas do 588º Regimento de Bombardeio Noturno, uma unidade militar composta inteiramente por mulheres.
Formação e Treinamento
O regimento foi formado em 1941 por Marina Raskova, uma famosa aviadora soviética, após a invasão nazista da União Soviética. Raskova, que já tinha quebrado diversos recordes de aviação nos anos 1930, usou sua influência pessoal com Stalin para conseguir a aprovação para três regimentos aéreos femininos.
As recrutas, muitas com apenas 20 anos de idade e vindas de diferentes partes da União Soviética, receberam treinamento intensivo na Escola de Aviação de Engels. O programa, que normalmente levaria anos, foi condensado em poucos meses devido às necessidades urgentes da guerra. As mulheres precisaram dominar navegação, meteorologia, identificação de alvos, bombardeio e táticas de voo noturno.
O treinamento era particularmente rigoroso, com as recrutas frequentemente estudando até 14 horas por dia. Além do treinamento técnico de voo, elas também recebiam instrução em combate corpo a corpo e tiro. Muitas das recrutas já tinham experiência em clubes de aviação civil, o que ajudou no processo de aprendizado acelerado.
O Polikarpov Po-2
As "Bruxas da Noite" pilotavam o Polikarpov Po-2, um biplano de madeira e lona originalmente projetado para treinamento e agricultura. Embora primitivo e lento, com velocidade máxima de apenas 150 km/h, o avião tinha vantagens cruciais: era extremamente manobrável, silencioso e podia voar muito baixo, características ideais para missões noturnas.
Táticas de Combate
A técnica característica do regimento consistia em voar em pares até perto do alvo, quando a primeira aeronave atraía fogo antiaéreo enquanto a segunda, com os motores desligados, planejava silenciosamente para lançar suas bombas. O som suave do vento nas asas de madeira lembrava o som de vassouras, contribuindo para seu apelido.
As pilotas realizavam múltiplas missões por noite, às vezes chegando a 8 ou mais sortidas. Voavam sem paraquedas ou rádios para carregar mais bombas, e usavam réguas de cálculo e bússolas para navegação, já que seus aviões não tinham instrumentos modernos.
Impacto e Legado
Até o fim da guerra, o regimento realizou mais de 23 mil missões de combate, lançando mais de 3 mil toneladas de bombas sobre posições inimigas. Vinte e três pilotas receberam o título de Heroína da União Soviética, a mais alta honraria militar soviética. O regimento também foi condecorado com a Ordem do Estandarte Vermelho e a Ordem de Suvorov.
Entre as pilotas mais notáveis estavam Nadezhda Popova, que completou 852 missões, Yevdokia Bershanskaya, que comandou o regimento durante toda a guerra, e Irina Sebrova, que realizou 1008 missões. O regimento perdeu trinta pilotas durante o conflito, um número relativamente baixo considerando a natureza perigosa de suas missões.
A unidade se destacou em várias batalhas cruciais, incluindo a defesa do Cáucaso, a libertação da Crimeia e a ofensiva na Polônia. Suas táticas inovadoras de bombardeio noturno foram estudadas e adaptadas por outras unidades soviéticas.
O legado das Bruxas da Noite vai além de suas realizações militares. Elas demonstraram extraordinária coragem e habilidade em condições extremas, quebrando barreiras de gênero em uma época em que mulheres raramente ocupavam posições de combate. Após a guerra, muitas continuaram na aviação como pilotas civis ou instrutoras.
Na cultura popular, sua história tem sido celebrada em livros, documentários e até mesmo em músicas, como a canção "Night Witches" da banda Sabaton. Memoriais em sua homenagem podem ser encontrados em várias cidades russas, e suas histórias são ensinadas em academias militares como exemplo de inovação tática e coragem sob pressão. Sua história continua inspirando gerações e serve como testemunho do papel essencial das mulheres na Segunda Guerra Mundial.
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